Centenas de pessoas das religiões de matrizes africanas em Feira de Santana enfrentam dificuldades financeiras devido ao coronavírus e às medidas de restrição no combate à pandemia no município. Eles apelam ao poder público para receberem algum tipo de ajuda, a exemplo de cestas básicas e materiais de higiene.

Segundo o babalorixá Atílio Pinto, da roça de candomblé Ilê Asè Obirin Obácom, a suspensão das atividades nos terreiros de umbanda e candomblé, as dificuldades financeiras surgiram. “Nossos clientes se afastaram e sem atendimentos não há como sustentar as pessoas que nos auxiliam nas atividades, os nossos filhos de santo”, explica.
Atílio já apelou ao Conselho das Comunidades Negras e Indígenas. “Solicitamos do Conselho, que através da sua competência e responsabilidade, possa contribuir e, se possível, intervir junto aos órgãos competentes, solicitando ajuda às religiões de matrizes africanas, diante dessa pandemia. Até porque o povo da religião de matriz africana já não é bem visto, sofre preconceito religioso, racial, social, dentre outros”, salienta Atílio.
O apelo foi extensivo ao governo municipal. “Gostaria de saber o que pode ser feito por nós, do candomblé, diante dessa pandemia. Reivindicamos, por exemplo, distribuição de cestas básicas e produtos de higiene, haja vista que não temos ajuda de nenhum órgão de governos e em muitas casas (ilê) moram várias pessoas. Muitas vivem nas casas de axé, até mesmo por serem filhos de santo e, na maioria das vezes, não têm onde morar. No entanto, os gastos se tornam muito altos e muitos sequer trabalham. Vivem de bicos", acentua.
A ialorixá Maria do Rosário Santos reforça o apelo. “Na minha casa são dez pessoas que atuam no candomblé e para manter todos está difícil. Nossos clientes que procuravam aconselhamento espiritual caíram quase 100%”, conta.
Lourdes Santana, do Conselho, diz que pediu à Sedeso, através de ofício, que atendesse à reivindicação.
O secretário Pablo Roberto, da Sedeso, informou ao Protagonista que “qualquer solicitação nesse sentido deve ser encaminhada ao gabinete do prefeito”.