A farra da concessão de títulos de cidadão feirense e comendas, por parte da Câmara de Vereadores de Fera de Santana, pode estar com os dias contados. Pelo menos já gerou discussão.
A sessão ordinária de segunda-feira (02) foi marcada por um debate e por declarações polêmicas sobre o assunto. Embalados pela pichação do prédio anexo da Câmara, que criticava a concessão do título de cidadão ao presidente Bolsonaro, vereadores se exaltaram quando foi proposta a votação em bloco de duas comendas e um título de cidadão feirense.
A proposta da votação em bloco foi feita pelo vereador Isaías de Diogo e, diante disso, o vereador Lulinha se posicionou contrário, alegando que a Mesa Diretiva já havia sido chamada pela Justiça para esclarecer a concessão de um título ao Pastor Silas Malafaia, de autoria do vereador Edvaldo Lima.
A chapa esquentou, mesmo, quando o vereador Cadmiel Pereira, ao concordar que a votação em bloco era permitida pelo regimento, admitiu que votava os projetos por uma questão de relacionamento com os demais colegas. "Eu acredito que a pessoa (o homenageado) não saiu de casa ou da sua cidade para pedir o título. É uma iniciativa do vereador e aqui nós sempre tivemos uma cortesia de votar", declarou Cadmiel.
O sempre polêmico vereador Roberto Tourinho, por sua vez, disse que desejava que esse tipo de votação fosse secreta e criticou a postura dos colegas: "vereador não é para pedir ao colega para votar título não. Título deveria ser dado àquelas pessoas que, efetivamente, prestaram serviços. Como o título virou moeda em troca de votos, aí tem que pedir ao colega vereador para votar a favor", disparou.
A verdade por trás disso é que os títulos e comendas têm servido, muitas vezes, para criar agrados a pessoas ligadas aos vereadores ou mesmo por mero “puxa-saquismo”. Prevalece o corporativismo em detrimento do reconhecimento de pessoas com reais serviços relevantes prestados ao município. Se permanecer assim, em breve nascerão mais cidadãos feirenses na Câmara Municipal do que no Hospital da Mulher.